30.8.07

O violinista da esquina


Algumas cenas parecem tiradas de algum filme ou da imaginação de algum poeta.

Nove horas da noite, voltando para casa depois de um compromisso. Faço uma curva, olho de relance e vejo um senhor, alto, esbelto, com seus 40 anos passados, tocando um violino na esquina.

Gostaria de saber o seu propósito: era algum maluco que escapara de alguma casa próxima ou simplesmente uma alma de tal forma tocada pela música que não resistiu a tentação de levar sua arte para fora dos confins de seu estúdio?

Entristece-me muito o fato de ninguém ter parado para escutá-lo (nem mesmo eu). Não era nenhuma avenida agitada, mas tinha bares por perto e muitas pessoas andando na rua, voltando para suas casas depois de um longo e cansativo dia de trabalho.

Seria uma ação do mesmo modo da feita pelo famoso violinista Joshua Bell no metrô de Washington? Espero que não.

Gostaria que fosse alguém fazendo arte simplesmente pelo prazer de fazê-la e expô-la ao mundo, mesmo que esse mundo sejam as poucas pessoas que tiveram tempo e disposição de parar um minuto para ouvi-lo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Carol, eu juro que deixei um comentário aqui ontem! Lembro de cada linha do texto! Ou seja: suas palavras me marcaram. Amo muito!

Ivan disse...

Profundo, Carolina, profundo...

Anônimo disse...

Volta e meia me deparo com algum violinista no centro do Rio. É uma beleza tão violenta e surpresa que a primeira sensação, que coisa, é a de desconfoto. Não sei dizer ao certo, é uma beleza que machuca, tão grande que figura.

Dona ervilha disse...

Também tenho esta sensação. Também fico com pena. Também não paro. Mas, não, não deveria ser assim.